A Criança interior: O infantil no Adulto
Quando falamos sobre a infância a partir do olhar da vida adulta, percebemos que nossa personalidade é permeada por lembranças, prazeres e reminiscências da vida infantil. Não tem como excluir a infância, tudo aquilo que foi vivenciado permanece na mente, mesmo que às vezes não se dê conta disso.
Um pouco sobre a história
Existem diversos pontos de vista sobre a infância, e eles se modificam conforme a cultura e as transformações históricas. No período medieval, a criança era considerada um pequeno adulto e não se tinha todos os cuidados como conhecemos hoje em dia. Dentre os séculos XVII e XIX era comum crianças trabalharem como operárias nas fábricas e terem o mesmo tratamento que um adulto.
Essa situação só foi modificada aos poucos com a necessidade de trabalhos cada vez mais qualificados, dando início a escolarização, no qual é compreendido como o tempo de preparo das crianças e adolescentes ao mundo do trabalho. Nota-se que só a partir da necessidade de trabalhos mais qualificados que foi possível a criação da infância como conhecemos hoje em dia.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) foi elaborado em 1990, ou seja, a infância marcada como uma fase do desenvolvimento humano, tendo necessidade de amparo, proteção e crescimento saudável, só foi legalmente reconhecida de direitos a partir do ECA.
Nossa história individual
Aquilo que foi vivenciado anteriormente e principalmente no relacionamento com os pais ou primeiros cuidadores vão modelar a forma que entendemos a vida, expressamos nossas emoções e compreendemos a própria individualidade. Repetimos muitas vezes na fase adulta padrões experimentadas na mais tenra idade.
Nos comportamos de maneira a agradar nossos pais e não decepcioná-los através da visão de mundo que foram passados de geração em geração. Os cuidadores e professores são nossos modelos de aprendizado, porém algumas verdades ditas podem ser prejudiciais para auto estima e desenvolvimento pessoal, nem sempre aquilo que nos foi dito é uma verdade imutável.
Na psicoterapia, o trabalho também acontece a partir da experiência do infantil no adulto ou idoso, resgatando memórias e afetações, que na infância aparecem como mal entendidos, mas na vida presente é possível dar nome e elaborar tais vivências.
Resgate da criança interior
Ao contrário do que se imagina, a criança interior não se encontra em um lugar profundo, ela está presente na “superfície” o tempo inteiro no adulto e no idoso, fazendo parte da construção de nossa personalidade. O que foi vivido dificilmente é apagado da memória. As primeiras fantasias, prazeres e dores são experimentados novamente na fase adulta de outras maneiras.
Atualizado em: 27/11/2023 na categoria: Temas em Geral